As atividades turísticas no espaço rural brasileiro começaram a se desenvolver há aproximadamente 30 anos e ainda confundem-se em seus múltiplos conceitos. Voltada principalmente para a realidade do campo, com tradições e culturas, também é denominado de turismo rural, turismo de interior, turismo alternativo, endógeno, turismo verde e de campo.
Os primeiros empreendimentos ligados ao Turismo Rural no Brasil, criados em 1980, estão situados no município de Lage, em Santa Catarina. Por isso, a cidade foi batizada de “ Capital Nacional do Turismo Rural”. Lá, os primeiros empreendimentos surgiram em resposta às dificuldades financeiras enfrentadas por produtores rurais da região.
Na Bahia, a partir de 1999, começou o fortalecimento da atividade com planos de desenvolvimento regional que envolvem alguns municípios cacaueiros, com antigas fazendas de grande beleza e riqueza arquitetônica, proporcionando ao turista, hospedagem, alimentação, dia de campo e lazer.

Para esclarecer um pouco mais sobre TR, nossa equipe conversou com a coordenadora do curso de Turismo da Faculdade Cairu, bacharel em Turismo e Mestre em Análise Regional, Rejane Silva Mira (foto).
Turismo Rural Bahia – O que é o turismo rural?
Rejane Mira – Podemos caracterizar assim, um segmento de turismo que acontece em uma distância de até 60 km da capital turística, no caso Salvador. Os empreendimentos turistícos precisam ter suas bases formadas numa região rural que trabalhe com agricultura e criação de animais, permitindo que o turista participe das atividades desenvolvidas nestes espaços, quer como lazer ou aprendizado.
TRB - Quais as principais características do TR em relação aos outros tipos de turismo?
RM – Antes de mais nada é preciso lembrar que o turismo rural por si só não tem fortalecimento. É preciso que ele esteja agregado a outro segmento turístico, como por exemplo, o turismo de aventura, o ecoturismo e o turismo cultural para que as pessoas despertem o interesse por ele. A principal característica desse segmento é o fato de propiciar aos moradores da região uma movimentação econômica, uma vez que o lucro de tudo que é comercializado acaba voltando para os próprios moradores que, também, são os produtores. Vale ressaltar também que esse segmento permite a divulgação da cultura local.
TRB – Como é a participação do Estado nesse segmento turístico?
RM – Bom, a Bahia ainda engatinha nesse segmento, apesar de já estar sendo muito aplicado, porém faltam incentivo e infraestrutura. É preciso criar políticas e formas que facilitem o conhecimento desse tipo de turismo, mas é preciso também conscientizar essas comunidades da importância de tratar bem o turista. Curso profissionalizantes na área de serviços é imprescindível, porém, essa atuação do governo é ainda deficitária pois existe a crença que o turismo é realizado somente na capital mas na realidade existe uma demanda voltada para o turismo rural que não é trabalhada.
TRB – Onde é possível realizar Turismo Rural na Bahia?
RM – Aqui existem muitos hotéis-fazenda que propiciam esse tipo de turismo, lembrando que, sempre agregado a um outro segmento turístico, um bom exemplo é o Villa Rial que agrega o turismo de educação, na região do Recôncavo Baiano, nas cidades de Santo Amaro, Cachoeira, Rio de Contas, na Chapada Diamantina etc.
TRB – Quem pode participar desse tipo de turismo?
RM – Qualquer pessoa. Entretanto, o público que geralmente busca esse segmento são estudantes e o pessoal da terceira idade, pela possibilidade de conhecer novos ambientes e culturas.
TRB – Quais os cuidados necessários para quem pretende fazer esse tipo de turismo?
RM – Na verdade, a preocupação precisa estar mais em quem oferece os serviços que para quem procura. Para quem possibilita esse tipo de turismo é necessário estar preocupado com os serviços que tem para oferecer, é preciso se preocupar com as pessoas que realizam o atendimento. Já para quem procura é importante conhecer o local para onde vai, nesse caso orientamos um contato prévio com agências de viagens que realizem esses pacotes ou com a própria prefeitura das regiões.